ânua

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escoltado por abelhas africanas
o ano se despede

das intenções melíferas ficam:
- uma pedra no caminho
- um poema inacabado
- um barco furado
- um presente no escuro

e todos os sonhos de navegantes à deriva


pergunto aos jornais
sobre esperança
respondem-me com serena insensibilidade :
a pedra no telhado de vidro,
a revolta das vísceras,
o enjôo dos dias,
a imparcialidade do relógio
em bocas de lixo e beijos na boca

mas insisto em ver
com os olhos dos sonhos


haverá novas horas
de um mesmo relógio
que à maneira dos esperançados
beijará o primeiro segundo
soletrando estrelas de um dia primeiro

e apesar das incontáveis picadas
da mordaz e histriônica colméia
reinventaremos o mel

presente

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quero um presente
que na mais bela hora
te chegue bossa
de uma nota nova

que se achegue de mansinho
se faça ninho
e contemple
teu reverso da dor

quero um presente
que sol à meia-noite
te chegue húmus
de um velho canteiro

que se plante vinho
rompa semente
nos brindes
do teu vir-a-ser

quero um presente
que seja teus natais
de um ano
pra sempre novo

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